domingo, 28 de outubro de 2012

Sophia de Mello Breyner Andresen | De um Amor Morto


De um Amor Morto

De um amor morto fica 
Um pesado tempo quotidiano 
Onde os gestos se esbarram 
Ao longo do ano 

De um amor morto não fica 
Nenhuma memória 
O passado se rende 
O presente o devora 
E os navios do tempo 
Agudos e lentos 
O levam embora 

Pois um amor morto não deixa 
Em nós seu retrato 
De infinita demora 
É apenas um facto 
Que a eternidade ignora 

Sophia de Mello Breyner Andresen




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